quinta-feira, 10 de julho de 2008

sobre o processo colaborativo de pública

Pública é feito de maçãs, de Picasso, de confetes, de desmoronamento e dúvidas. De Ângela Ro Ro, de mulheres, de ironia, de digestão e vômito. È um holofote na cara, é um pink que adormece, é uma música muito ao fundo, cheio de memórias e formas.
È por um fio que às vezes arrebenta, um salto alto ausente, um corpo em transito de formas e humores.
Acompanhar esse processo de criação fez-me pensar sobre modos de organização e colaboração que podem existir dentro de um trabalho artístico e também observar a maneira como Luciana digeriu todas suas referências. Pública tem um tom ANTROPOFÀGICO. Pública deglute Cindy Shermann, Beecroft. Picasso, Paula Rego, entre outras referências. Publica deglute e as vomita num bolero espanhol.
De uma forma generosa, Luciana compartilha suas questões e angústias, seus desejos e suas ironias. È um prazer ver pela passagem do tempo como uma maçã e um corpo construiram diversas metáforas e sensações em quem assiste e em quem dança. Aliás, é lhe vendo se mover que me movo também.
Pública teve início em 2005, com o nome Por onde pisam os olhos. Nome poético, porém que não revela a acidez gástrica de um corpo precário, de um corpo sem glamour, de uma esofagite número 2. Pública amadureceu em suas escolhas, em seu designer, em sua dilatação do tempo. Ainda percebo que essa investigação de mudanças de estados continuará crescendo, estando cada vez mais dilatada. È preciso tempo e suor.
O engajamento no próprio trabalho existe, porém é ainda na insistência e na disponibilidade física-mental que esses momentos irão cada vez mais se aprofundarem.
A estrutura é e precisa continuar sendo MOVEL, relembrando o primeiro nome dado a pesquisa : Corpo Móvel.
As escolhas estão cada vez mais maduras, porém é nessa mobilidade na maneira de se relacionar com suas escolhas que o trabalho permanecerá com um frescor de atualização

RONIE RODRIGUES

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